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Universidade Federal do Ceará
Laboratório de Farmacotécnica

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Enterais

Medicamentos são comumente administrados através de tubos de nutrição. Fragmentos de comprimidos ou líquidos orais viscosos podem bloquear ou ficar aderidos aos tubos causando o seu entupimento ou liberação incompleta da dose.

  • A diluição anterior de um líquido oral viscoso por cerca de 50% com água pode reduzir a aderência ao tubo e aumentar a liberação da dose
  • Comprimidos devem ser completamente dispersos ou finamente triturados pois os fragmentos podem entupir os tubos. Medicamentos com revestimento entérico ou para liberação modificada não devem ser triturados.
    Usar cerca de 10 a 15ml de água para preparar a dose.
  • Lavar o tubo com 20 a 30ml de água antes da administração do medicamento.
  • Administrar cada medicamento separadamente e lavar o tubo com 5mL de água entre os medicamentos.
  • Lavar o tubo com água quando a administração dos medicamentos for completada.
  • Medicamentos não devem ser misturadas com fórmulas de alimentação enteral pois podem ocorrer interações.

Notas sobre medicamentos específicos

Amlodipina Carbamazepina Ciprofloxacino Claritromicina Diazepam
Itraconazol Lansoprazol Nifedipina Omeprazol Fenitoína

Amlodipina
Os comprimidos se dispersam muito facilmente na água e podem ser administrados via sonda. É útil se um antagonista do cálcio da classe das dihidropiridinas for necessário.

Carbamazepina
Clark-Schmidt et al1, estudaram a suspensão de carbamazepina e demonstraram que uma prévia diluição do líquido diminui a aderência ao tubo e melhora a liberação da dose. Suspensão de carbamazepina deve ser bem agitada e diluída com água antes da administração.
Suspensões contendo elevada dose de sorbitol podem causar diarréia.

  1. Clark-Schmidt A.L., Garnett W.R., Lowe D.R., Karnes H.T.  Loss of carbamazepine suspension through nasogastric feeding tubes.  Am J Hosp Pharm 1990; 47: 2034-7.

Ciprofloxacino
Ciprofloxacino é bem absorvido oralmente. A biodisponibilidade é muito menor e extremamente variável quando os comprimidos são triturados e administrados via tubo nasogástrico a pacientes em condições críticas recebendo alimentação enteral contínua.1 É provável que o ciprofloxacino forme quelato insolúvel com os constituintes da alimentação enteral. A administração da forma IV é preferida em alguns pacientes a menos que seja possível o monitoramento da concentração plasmática do ciprofloxacino no paciente.1

  1. Minoz O, Binter V, Jacolot A et al.  Pharmacokinetics and absolute bioavailability of ciprofloxacin administered through a nasogastric tube with continuous enteral feeding to critically ill patients.  Intensive Care Med 1998; 24 (10): 1047-51.

Claritromicina
Claritromicina é bem absorvida via tubo nasogástrico a pacientes em condições críticas.1

  1. Fish DN, Abraham E.  Pharmacokinetics of a clarithromycin suspension administered via nasogastric tube to seriously ill patients.  Antimicrob Agents Chemother 1999; 43 (5): 1277-80.

Diazepam
Algumas suspensões comerciais de diazepam são muito viscosas e devem ser diluídas antes da administração. Muitas marcas de comprimidos se dispersam facilmente e algumas preparações podem ser mais fáceis de administrar que a suspensão.

Itraconazol
Formas líquidas orais extemporâneas usando o conteúdo das cápsulas para administração via tubo enteral foram descritas. Entretanto, a biodisponibilidade do itraconazol a partir destas preparações é menor do que a partir das cápsulas e suspensões comerciais. Veja a monografia dos líquidos orais para mais informações.

Lansoprazol
Veja a monografia dos líquidos orais.

Nifedipina
Não recomendado pela elevada sensibilidade da nifedipina à luz e pela dificuldade em remover a dose necessária das cápsulas. O conteúdo das cápsulas não é miscível com água e pode ficar aderido aos tubos.  Veja a monografia dos líquidos orais para mais informações.
Considerar a utilização da amlodipina como alternativa.

Omeprazol
Veja a monografia dos líquidos orais.

Fenitoína
Alimentos enterais podem reduzir a absorção da fenitoína. A suspensão pode também ficar aderida aos tubos prevenindo a administração da dose completa. A extensão da interação é imprevisível devido a muitas variáveis. Um método consistente de administração deve ser monitorado para fornecer a uniformidade da dose. Não é necessário interromper a alimentação enteral por longos períodos (como 2h) próximo da administração da dose de fenitoína. É importante monitorar os níveis plasmáticos de fenitoína regularmente e antecipar uma possível redução de dose quando a alimentação enteral for descontinuada.
O seguinte guia é baseado em Doak et al.1

  1. Interromper a alimentação enteral e lavar o tubo com 20mL of Salina Normal*.
  2. Usar Dilantin Suspension Forte (100mg de Fenitoína por 5mL). AGITAR BEM antes de medir a dose.
  3. Diluir a dose de fenitoína com Salina Normal* até um volume total de 30mL. Agitar para misturar, e administrar via tubo.
  4. Lavar o tubo com outros 30ml de Salina Normal*.
  5. Reiniciar a alimentação.

Administrar fenitoína IV se uma dose de carga inicial for necessária ou se o paciente tiver zumbidos.
A fenitoína oral deve ser dada diariamente se tolerada.
*  Salina Normal foi usada no estudo por Doak et al1 mas resultados semelhantes são obtidos com água.

  1. Doak KK et al.  Bioavailability of Phenytoin acid and Phenytoin sodium with Enteral Feedings. Pharmacotherapy 1998; 18 (3): 637-645.

Outras leituras

  • Thomson, FC. Naysmith, MR. Lindsay, A.  Managing drug therapy in patients receiving enteral and parenteral nutrition.  Hospital Pharmacist 2000; 7 (6): 155-164.
  • Beckwith, MC, Feddema, SS, Barton, RG, Graves, C. A Guide to Drug Therapy in Patients with Enteral Feeding Tubes: Dosage Form Selection and Administration Methods. Hospital Pharmacy 2004; 39(3): 225-237.
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